DILEMAS MORAIS.
- Cátia Ruas Antunes

- há 7 dias
- 3 min de leitura

O Labirinto da Mente.
O síndrome de Burnout, ou esgotamento profissional, deixou de ser um conceito vago para se consolidar como uma preocupação central no panorama da saúde ocupacional em Portugal. É uma condição sensível que resulta de um estado de tensão e exigência prolongada e intensa, inerente ao ambiente de trabalho.
Sintomas Comuns
Além destas dimensões centrais, o Burnout manifesta-se através de um conjunto vasto de sintomas físicos como a Fadiga crónica, insónia, dores de cabeça frequentes, problemas gastrointestinais, dores musculares; os Comportamentais/Cognitivos, como a Dificuldade de concentração e memória, isolamento social, perda de interesse em atividades de lazer, absentismo ou procrastinação no trabalho. Existem também os sintomas emocionais, como a Irritabilidade, apatia, tristeza, ansiedade, medo, perda de controlo. A psicossomatização das emoções é um processo.
O Burnout é tipicamente caracterizado por três dimensões inter-relacionadas, de acordo com o modelo de Maslach e a perspectiva adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que a classifica como uma Síndrome Ocupacional:
Exaustão Emocional
Sensação de sobrecarga e desgaste físico e emocional.
Perceção de falta de energia para realizar as atividades profissionais e pessoais.
O trabalho é visto como algo penoso e doloroso.
É o esvaziamento emocional e o desgaste da empatia e compaixão.
Despersonalização / Cinismo
Desenvolvimento de uma atitude mais distanciada, cínica e negativa em relação ao trabalho e às pessoas com quem se interage (colegas, clientes, utentes).
Distanciamento emocional e impessoalidade nos contactos.
Redução da Realização Profissional
Sentimento de incompetência ou de que o trabalho não tem valor.
Sensação de descontentamento, desmotivação, perda de sentido e interesse, levando à diminuição da eficácia e produtividade.
As causas em território nacional apontam frequentemente para fatores como a sobrecarga de trabalho, a falta de recursos, a escassez de reconhecimento e, crucialmente, o desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional. A prevenção exige, assim, uma ação concertada entre trabalhadores, que devem procurar impor limites, e empregadores, que têm a responsabilidade de criar ambientes de trabalho saudáveis e dignos.
O conflito entre o pessoal e o moral é evidente até na liberdade de expressão através da roupa. Numa esfera cultural, a escolha de vestuário, seja a roupa que desafia normas de género ou o uso de um hábito de freira, confronta as expectativas sociais e provoca a questão da liberdade de expressão. O dilema surge quando as liberdades se chocam e aprisionam a do outro. Os dilemas éticos encerram questões de segurança pessoal, agora sobre o medo e proteção, ou ter a coragem de fazer o que está certo. Assumindo que alguém sabe efetivamente o que está certo.
Faz-me lembrar uma fábula hindú “Os Cegos e o Elefante”. Numa antiga cidade da Índia, viviam três sábios que eram cegos de nascença, mas possuíam uma grande sede de conhecimento. Um dia, correu a notícia de que um comerciante tinha trazido para a cidade um animal nunca antes visto por ali: um Elefante, uma criatura gigantesca e lendária. Os três cegos ficaram maravilhados e, desejando ardentemente saber a verdadeira natureza daquela besta, pediram para se aproximar. O comerciante, divertido, conduziu-os até o elefante, permitindo que cada um apalpasse uma parte diferente do animal. O Primeiro Cego esticou a mão e chocou-se contra o lado largo e forte do animal. O Segundo Cego alcançou a tromba sinuosa e flexível do elefante.O Terceiro Cego apanhou a cauda magra e peluda que balançava. "E então, sábios? Com o que se parece um elefante?". Começou então uma discussão acalorada entre eles. O primeiro cego bateu com a mão na lateral do elefante e exclamou com convicção: — O Elefante é como uma Parede! É vasto, sólido, áspero e não se move. O Segundo Cego, balançando a parte que segurava, responde — Que disparate! O elefante é como uma Serpente! É comprido, roliço e flexível, com ondulações que flutuam no ar. O Terceiro Cego, puxando a extremidade peluda, gritou, indignado: — Estão completamente enganados! O elefante é uma Corda! É fino, macio e termina num tufo de pelos. Nenhum deles conseguia concordar. Cada um defendia a sua experiência como a única verdade, insultando a perceção do outro, sem compreender que a razão da discórdia residia na sua perspetiva parcial. O exercício em somar e experimentar todas as perspetivas para tentarmos compreender a totalidade da verdade será o caminho de resolver dilemas morais? Despir o véu do julgamento e fazer o exercício de observar pode ajudar nestes dilemas?




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