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Série Ansiedade #7 #Ansiedade da Pandemia

MEDO, ANGÚSTIA & PÂNICO


O medo está associado a muitas sensações. O que é o medo afinal?

Em alemão Angústia é Angst, que também significa medo.

Medo, angústia e pânico.


O medo é como uma areia movediça.

O medo propriamente dito, é uma emoção fundamental, uma reação afectiva que afecta qualquer ser vivo, porque é um alerta, um sininho que toca, no momento em que é necessário tomar uma decisão ou pode desaparecer e ficar alerta.



Ficamos na encruzilhada fatal, e temos de tomar uma decisão . Ou podemos nos assustar, ou vamos à luta, e embate, discute bate, ou analisa a situação, ou fuga. A fuga é uma estratégia de luta que visa uma reação que me preserva e defende **.


Se eu tiver um leão à minha frente, a fuga provavelmente será a estratégia defensiva mais eficaz, que alinha com o objectivo final, preservar a existência individual, não desaparecer, preservar o prazer.


O cortéx pré-frontal desenvolvido é responsável pelo cálculo probabilístico do risco, a capacidade de fazer uma avaliação realista e cada vez mais ajustada da segurança e do risco. Quando não está bem desenvolvido, como na adolescência, o jovem expõe-se mais a situações de risco e nem sempre faz uma avaliação ajustada da realidade. Avalia mal a quantidade de álcool que bebeu, como naquele salto na piscina de um lugar arriscado que acaba mal.


O medo e avaliação do risco são basilares para rápida resposta na estratégia entre agir, fugir e não agir, é primário, fundamental e necessário.



Por outro lado, ao longo do desenvolvimento do nosso sistema de crenças, fazemos uma construção simbólica para combater esse medo. O lugar da fé e da comunidade, ajuda-nos a combater o medo, a união das pessoas e famílias com sistemas de crenças partilhados dão força à sensação de segurança.

Criamos símbolos como: eu tenho Deus, tenho muita luz, proteção, conhecimento, a ciência, entre outros. São símbolos que nos fazem sentir mais protegidos, e vamos criando grupos de subgrupos que nos ajudam a viver.


Quando algo de trágico acontece, real ou não real, a seta do trágico atravessa e é introduzida a nova variável do medo, o chão foge e o sentimento é que o chão racha. Sentimos nesse instante, com certeza absoluta, que vemos o lado real e cru da vida e que vamos morrer. Aqui e agora. Neste instante. Algo de muito cruel irá acontecer. Um murro no estômago que nos vai desfazer. Ou que um meteorito nos vais atingir, ou levar à falência. Pode levar-nos ao nada. Desaparecer.


O Síndrome do pânico

Um fragmento de instante. Pode ser uma pequena gota de angústia que se acomete no pensamento ou no corpo. Pode ser um momento colectivo que estamos a viver com a pandemia mundial.


Nesta fração de segundo, que aparece sem avisar, toda a construção, fé e todos os simbolismos tendem a ser suspensos e a perder o seu efeito.

Todos nós temos o trabalho, a família, queremos ganhar dinheiro, uma imagem, temos as redes sociais, estudamos, temos amor, o afecto, os likes, o corpo. Tudo fazia sentido. De repente, há uma pandemia e eu posso morrer de fome. Posso não morrer de vírus ou de uma doença concreta, mas algo global e letal pode acontecer, e que pode destruir todo o sistema que me sustenta. O mundo. Violência, pulsão de morte, falta de medicação, uma crise social e financeira. Todo o sistema pode ser destruído.


Quando este instante se instala, abdico da minha liberdade, e garanto a minha segurança. Aceito. Download do botão Pânico. Nada mais importa.

Preciso sentir-me segura/o acima de tudo.


Morte. Doença. Toxicidade. Devastação. Caos. Isto é pânico.

Esta é estrutura que se encontra na base de um ataque de pânico.

Não sou nada mediante a imensidão do mundo. Sou pequeno.

Este é o mecanismo da síndrome de um ataque de pânico.



A sensação de vulnerabilidade e de "ser menos" do que efectivamente sou, atravessa-me e domina. Ser reduzido a uma nada, dá muita angústia.


Mas nós temos uma potência. Uma consciência. Em alguns momentos é colocada em causa, quebra, e o chão racha e somos reduzidos a a pura vulnerabilidade. São momentos que passam. Não são reais.



Mas isso é uma fantasia, não é real. É neste momento, que se torna difícil distinguir se a ameaça e o medo são parte da realidade, ou da nossa fantasia / medo.


É duro questionar por um lado, que a ideia de que existe um outro muito poderoso omnipotente simbólico, tanto para me salvar como me destruir. Não é real. É simbólico


Questionar essa autoridade absoluta poderá conduzir à resolução do pânico.


Cátia Ruas Antunes


** Post sobre Mecanismo de Defesa e Preservação.

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